O semiárido mineiro e áreas de entorno, inseridos nas mesorregiões dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri, Norte de Minas e região central, são caracterizados pela grande variabilidade e vulnerabilidade climática, onde os longos períodos de estiagens são causados não somente pela ausência e escassez de chuvas, mas, também, pela grande variação espacial e temporal das precipitações pluviométricas. Tais ocorrências, além de afetarem sensivelmente o regime hídrico das nascentes e de escoamento dos cursos d'águas, indubitavelmente, fragilizam o processo de desenvolvimento dessas regiões, contribuindo, por sua vez, para desigualdades sociais e baixa geração de empregos e renda.
Situações dessa natureza têm motivado a atenção e a preocupação do governo estadual no sentido de buscar alternativas que promovam o desenvolvimento ordenado e sustentável dessas regiões, embasados, principalmente, no domínio de conhecimentos dos fenômenos naturais que ciclicamente se manifestam nesses ambientes. Destaca-se entre estas ações a implantação dos Polos de Inovação, uma iniciativa da Secretaria de Estado de Ciência, Tecnologia e Ensino Superior (SECTES), que, em conformidade com a SECTES, surgiram da necessidade de acelerar o processo de desenvolvimento de regiões economicamente frágeis, incluídas na área de atuação da SEDVAN - Secretaria de Estado Extraordinária para o Desenvolvimento dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri e do Norte de Minas, antecessora da SEDINOR - Secretaria de Estado de Desenvolvimento e Integração do Norte e Nordeste de Minas Gerais. Os Polos de Inovação, implantados em cidades estrategicamente identificadas, objetivam concentrar competências para realizar atividades que modifiquem a dinâmica de desenvolvimento dessas regiões, realizando estudos técnicos e socioeconômicos, pesquisas e inovação tecnológica em diversos campos do conhecimento e a capacitação de recursos humanos.
Além dos Polos de Inovação foi priorizado, também, a implantação de um Centro de Pesquisa, Inovação e desenvolvimento do Semiárido,visando a construção, sistematização e disseminação de conhecimentos tecnológicos, com vistas a melhorar a economia e qualidade de vida do semiárido.Esse contexto de propósitos foi a base de sustentação para concepção do projeto Centro de Estudos de Convivência com o Semiárido (CECS), evidenciando a assertiva governamental, uma vez que se torna evidente que o desenvolvimento econômico, social e tecnológico de uma região deve estar pautado em uma forte política de incentivo à inovação tecnológica e em sua concretização efetiva nos seus mais diversos setores e áreas do conhecimento.
Assim, em atenção a uma demanda do Governo de Minas Gerais, foi elaborado pela Universidade Estadual de Montes Claros (UNIMONTES) o projeto Centro de Estudos de Convivência com o Semiárido (CECS), cuja área de abrangência contempla as mesorregiões de atuação da ex - SEDVAN, com 188 municípios, onde em grande parte apresenta baixos indicadores socioeconômicos. Com o apoio financeiro da Fundação de Amparo à Pesquisa de Minas Gerais (FAPEMIG), o Projeto CECS encontra-se em fase de implantação pela Unimontes, sob a supervisão da SECTES, e tem como instituição gestora dos recursos a Fundação de Apoio ao Desenvolvimento do Ensino Superior do Norte de Minas (FADENOR).
A implantação do Projeto Centro de Estudos de Convivência com o Semiárido (CECS) ganha relevância no sentido de estimular estudos e análises da realidade regional, ampliando os pressupostos teóricos já existentes e, simultaneamente, construindo e divulgando novos referenciais. A sua concepção é a de ser um Centro de pesquisas, inovação e desenvolvimento do semiárido mineiro e áreas de entorno, articulando a produção e o arranjo de conhecimento, promovendo a gestão compartilhada de tecnologias e capacitação técnica, numa estrutura em rede, capaz de fomentar o salto necessário ao desenvolvimento sustentável da região.
O projeto CECS, em sua primeira fase, concentrou as ações administrativas e operacionais voltadas para a sua estruturação, destacando-se, além das pesquisas realizadas, a elaboração do Plano Diretor do Centro Integrado de Convivência com a Seca – CICS, demandada pela ex-SEDVAN, e do Plano Diretor do Centro de Estudos de Convivência com o Semiárido (CECS). Em sua segunda fase de trabalho, com base nas premissas do Plano Diretor, foi dada uma atenção especial para as deficiências apontadas em três áreas consideradas estratégicas para atuação do CECS, sendo elas: a dispersão das informações, a baixa disseminação das informações e a baixa articulação em pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica. Assim, além da pesquisa e buscas em sites especializados da produção de conhecimentos nos diversos campos da ciência e tecnologia, os trabalhos foram norteados para a organização da informação, mediante a implantação de um banco de dados sobre o semiárido mineiro e áreas de entorno, e para consolidação do processo da disseminação eficaz das informações no âmbito da ciência e tecnologia e da implementação de políticas públicas em nível municipal, estadual e federal. Em linhas gerais, na fase atual do Projeto CECS, essas ações estão sendo materializadas através da produção mensal, em meio digital, dos Boletins Eletrônicos – CECS Notícias e do Blog do CECS, e, a partir de então, serão disponibilizadas no “site” do CECS, que, além de informações gerais em termos de oportunidades de investimentos, dados meteorológicos, registros de tremores de terra, inovações tecnológicas, entre outros, contemplará um Banco de Dados com produções técnicas e científicas em diversas áreas de conhecimento sobre o semiárido e áreas de entorno, cujas publicações serão disponibilizadas através da biblioteca virtual, de fácil acesso ao público interessado, que se acha inserida no “site”. Em uma fase posterior, após a estruturação definitiva do Centro de Estudos de Convivência com o Semiárido pelo Governo Estadual, as atenções serão voltadas para o “negócio” do projeto que é o de articular a gestão da ciência, tecnologia e inovação para convivência com o semiárido mineiro.
Professora Anete Marília Pereira
Coordenadora do Projeto CECS - UNIMONTES